Chegou a hora. Todo mundo sabe que o motivo real do DC Relaunch é financeiro, mas o Los Angeles Times respeitado jornal Estado-unidense conversou com Dan DiDio e Jim Lee no fim de semana passado em new Jersey para explicar a situação comercial da editora e seus super heróis. “Os fãs casuais fugiram da gente” observou DiDio. “Estamos ficando apenas com os consumidores die-hard” explicou.
Todos os anos as comic-shops têm perdido vendas e em 2011 mais 7% se foram. Alguns culpam os arcos de histórias intermináveis, enquanto outros apontam que a culpa é dos ciclos eternos de atar personagens, ressuscitá-los e assim por diante. Fora isso há o agravante do mundo digital: os jovens de hoje querem saber de Youtube, XBoX, PS3, Facebook e afins. Foi então que a editora anunciou que, pela primeira vez na história das publicações americanas, as revistas sairiam no mesmo dia em papel e formato digital para iPhones, Smartphones com Android e Tablets.
Além desta mudança, a DC achou por bem recomeçar todo seu universo do zero, com histórias mais voltadas aos jovens, possuindo títulos mais diversificados e linhas de narrativa mais simples e fáceis de acompanhar por fãs costumeiros e esporádicos. A estratégia é um risco calculado para a Warner Bros, mas como Jim Lee afirmou “os quadrinhos são a principal engrenagem incubadora de ideias da Warner. Precisamos colocá-los no mercado de uma forma que mostre a importância do que está acontecendo“.
Mesmo que Lanterna Verde tenha se mostrado um fracasso e que o seriado da Mulher-Maravilha tenha sido cancelado sem nem ir ao ar, a Warner continua investindo pesadamente nos heróis DC Comics, como comprovam projetos como The Dark Knight Rises, Man of Steel e outros filmes, games, desenhos e filmes animados sendo produzidos. A WB precisa que a DC continue gerando ideias, e elas devem ser mais novas e frescas.
A acessibilidade dos quadrinhos pretende voltar a expandir o mercado. Nos anos 1990 havia cerca de 9000 postos de vendas pelo país, entre lojas especializadas, bancas de jornais e até farmácias. Hoje são pouco mais de 2000, e todas são especializadas. “Quando eu estava crescendo havia vários lugares em que eu podia entrar e comprar um gibi” disse Marv Wolfman, escritor veterano e ex-editor-chefe da Marvel, “mas hoje há crianças que nunca viram um gibi“.
Downloads digitais são uma solução óbvia, mas até agora a maioria das editoras têm experimentado a coisa com edições mais antigas, temendo que isso chateie as poucas comic-shops que existem no país hoje. A DC é a primeira que dá o passo de igualdade na internet. “Os quadrinhos demoraram mais que outras mídias para entrarem no formato digital” disse David Steinberger, chefe executivo de vendas do ComiXology. “Eu quase caí da cadeira quando a DC me contou o que estavam planejando“.
Para deixar os revendedores mais calmos, DiDio e Lee começaram a apresentar um road show pelos Estados Unidos mostrando os planos da editora a cada comc-shop, explicando que agora eles também têm sua frente de loja virtual, onde podem vender quadrinhos digitais e ter uma renda adicional, além de participar deste novo plano da editora. Gerry Gladston, dono da Midtown Comics, contou que ainda não se convenceu da iniciativa digital, mas admite que há muito interesse. Outros acreditam que esta ideia da DC vai acabar com o gibi impresso.
A curto prazo, o benefício parece ter sido pra todos. O título Justice League, que comanda o DC Relaunch, já teve mais de 200 mil cópias vendidas na pré-venda, sem contar futuras vendas nos stands das lojas e versões digitais. Além disso outros seis títulos da DC já ultrapassaram 100 mil cópias no mesmo formato.
Há preocupação que esta atitude da DC seja apenas mais um evento, como tornou-se padrão dela e da Marvel anualmente. No entanto os editores afirmam que não se trata disso, e afirmam que este é o maior acontecimento das HQs desde Crise nas Infinitas Terras, da própria DC e de Marv Wolfman.
O pior cenário que a DC/Warner pode enfrentar é ter apenas alguns poucos novos leitores e ter seus leitores antigos alienados pela coisa toda, mas os arquitetos do reboot afirmam que é um risco necessário.
“A verdade é que as pessoas estão indo embora de qualquer forma, apenas estão fazendo isso em silêncio, e nós tentamos contornar a situação aumentando alguns preços. Não dá pra acordar um dia e vender meia dúzia de revistas de US$ 20 cada com apenas 10 mil pessoas comprando” finalizou DiDio.
– A Matéria original, do LA Times, é de Ben Fritz e Geoff Boucher foi Traduzida por Mrcelli para o multiverso DC
Fonte: A&C
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